terça-feira, 24 de agosto de 2010

Desencontro

Foge ao alcance do fogo.
Fica em vão e sem rumo.
Pede o fim da tormenta.
Que vá a chuva, que fique a seca.
Mais ainda quando molha o quintal.
Aguando a calma de minhas gotas de sabão.
Os frascos vazios de sal.
Os vasos cheios de flores sem vida.
Inspirando a nudez na fala.
Ao redor da casa.
Na janela da sala.
Pelas paredes e as cercas que aprisionaram o caos.
Nas caladas e homogeneas noites de primavera.
Inundadas de gotas, de água.
Roubam o doce da epiderme.
Fica o amargo da renda que a ama deixou na varanda.
Incompleto, esquecido.
Mal feito pelas mão trêmulas da senilidade.
Traz a cal que despenca dos telhados e tetos.
Na mesa que serve o pão do descontentamento.
Desordenado.
Desordenado é o pensamento...
Faz jus a luz e nunca ao momento.
Ignorando a lógica.
Correndo em círculos pelo labirinto da mente do curioso.
Nos capítulos da herdada estória.
Acuado pela fidelidade do que se chama sociedade.
Corre na veia do mago.
Esquecido pela idade.
Sobe e desce a ladeira da incoerente memória.
Desordenado.
Descontente com a corrente.
Em busca do fracasso de outrora.
Solitário pela rua do perdão esquizofrenico.
Sem luar e sem coesão.
Despido de riqueza ou razão.
Em meio as frases de outro alguém ainda mais sem coração.

(A.B. Giordano)


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