quarta-feira, 25 de agosto de 2010

espera sem partida

...de encontro ao remoto passado,
no espelho empoeirado.
vi os olhos,
o rosto manchado.
as faces escondidas pela tempestuosa corrida.
os males e os fardos amarrados.
quando ainda eram solitários.
mesmo após o caminho cercado.
mesmo entre os arames farpados.
era frio.
já não é mais.
tornou-se apenas o circuito por onde se caminha com os pés descalços no asfalto.
mesmo que seja lua,
ainda que haja sol.
vir-se-ia o cenário que se amarela com o ácido.
o esfarelar do pedaço de fita que encara a brisa.
corroído pela fumaça,
esmoecendo devagar enquanto o sangue seca.
enquanto se espera.
fétido e insólito.
curioso e insolente,
na vertigem que se observa do alto de cada cume assombroso.
entrelaçado nos ossos do humilde cavalheiro.
sobre penas e pó,
acariciado pelo desejo de ser renegado,
enquanto espera pela sórdida companhia de uma dama sem alma...

(A.B. Giordano)


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