sábado, 10 de julho de 2010

Começo sem fim

"Talvez as razões não sejam claras,
Ou quem sabe, não seja pelas razões afinal de contas.
Mais do que sobreviver, é preciso viver.
Mais do que fazer, é preciso sonhar.
E o que faz com que haja ainda,
Mesmo que desconhecida,
Uma razão?

Alguém disse uma vez:
“Pra que viver enfim, se o que nos espera é apenas a morte nesse fim?”.
E ate que ponto, isso existe?
Quer dizer,
O que separa cada ação, cada pedaço, cada suspiro de alguém que caminha pela rua, daqueles que nos despedimos e vimos desaparecer?
O que faz com que haja razão para cada ação?
O que é a vida? A morte? A carne? Uma alma?
Pra que viver, se a vida não nos leva pra outro caminho se não seu oposto?
O que nos torna diferentes enfim?
Por que então buscar uma razão ainda?
Tantos desejos e almejos.
Tanta vontade, mesmo que à parte da coragem.
E que faz de mim, algo diferente de você, senão a junção de apenas silabas incomuns.
Cada batida de um coração.
Tão sobrecarregado pela obrigação de ser.
Quem sabe sem propósito, sem motivo.
E por que ainda necessário.
De onde vem cada milímetro de ar que traz esse algo que tentamos tanto preservar - mesmo que sem sucesso - a vida?
E de qual vida então estamos falando?
De que se trata tal palavra?
Se o vento que destrói, é o mesmo que modifica, por que então deve ainda haver uma Senhora Vida?
Os olhos buscam a luz, trazem a tona o que alcançam.
Os sons espalham-se causando sensações.
O medo nos torna obcecados.
Vazios, solitários, ingratos.
Maus.

E nada então faz sentido enfim.
E sim, chega-se ao fim.
Seja da vida, da morte, da sorte.
De tudo…
E se há tudo.
Que é nada.
Que é mais ou menos.
Ou ainda nada de mais.

Se não fosse pelo tão grande medo da morte, que a tantos de nós envolve, então que seria de mim?...
E se a busca não tem fim, que propósito posso ter então?
De que adianta respirar apenas para poder dizer,
Que o que me separa de mim é apenas uma silaba.
Sou eu louca por querer saber, ou apenas louca por não entender e ter medo do que pode acontecer?
E se for assim, que seja enfim.

Apenas me esquecerei de que penso, ou logo que existo,
Deixo que haja algo em mim que vive, ou que morre,
Que me traga paz, ou desordem.
Que seja bom, seja mal.
Seja eu.
Ate que este seja o final."

(A.B. Giordano)

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