sexta-feira, 30 de julho de 2010

Confesso

Me perdi por entre quase todos os dias.
Horas não me são familiares.
Nada que se possa contar me interessaria.

Segui as pegadas,
mas não seja tolo de me perguntar;
que horas espera ver se não desfrutaste sequer o segundo que acabara de passar?

Não me questione mais!
Seja fiel ao encontro, nada mais.
Tenha coragem e me olhe nos olhos e nada mais.

Sussurrarei em teu túmulo.
Perdoe-me se acaso eu chorar.
Minha façanha em ser cruel me faz jus mesmo quando a lágrima teima em derramar.

Silenciarei teus olhos. Cerrarei teu falar.
Já coroei teus pesares, mas ainda sim teimo em negar.

Pois então fuja! Fuja e não me deixes te encontrar.
Arraste tua cova para o mais longe que puder.

E então quando minha carne decidir repousar,
e eu tiver todas as mágoas para contar e os infinitos dias para decifrar,
Não seja tolo ao acreditar que pode sequer tentar me perdoar.

(A.B. Giordano)

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