quarta-feira, 14 de julho de 2010

Se, e então nada

O que quer que seja, não vou me arrepender.
Não vou remoer ou relembrar ou sofrer.
Deixo pra lá.
Já esqueci...
Apesar do medo ainda,
Tenho fé.
E fé nada mais é do que o que já é;
Uma confiança absoluta.
Resoluta.
Cegamente e sem culpa.
Amanheço novamente.
Sigo meu caminho, que vai sempre em frente.
Incrivelmente.
Solenemente.
Não só em minha singular e grandiosa mente.
É mais do que vejo,
Mais do que sinto.
Mas nada mais é do que do que um simples mito.
Vagam pela alma, supostos ventos de outrora.
Supostas frases de outrem.
Frases que vão, ventos que vem.
Inconscientes.
Iminentes.
Inconseqüentes.
Pelo prazer de sonhar somente.
São altos sem baixo.
Começo meio fim.
Escuro.
Sem textura.
Duvidosamente segura...
E por que não como amores?
Uma vez que a vogal está indubitavelmente à altura...
A não ser pelo universo que a envolve,
Nada mais a cobre.
Seria mais do que mar. Mais do que ar. Mais do mesmo que já está lá.
E de quem falamos então?
Senão do pequeno engano que me causastes com seu não.
Tudo pó.
Cinzas que vagam com a brisa.
Sem destino.
Sem motivo.
Sem morada.
Nada fez pra sem amada.
Não.
E tudo por conta da falta de um sim.
E sim, se é como dissestes em segredo pra mim.
Sem silaba alguma ou frase nenhuma.
Se, e então nada.
Nem pra mim.
Nem pra ti.
Ora fosse por amor.
Sem preço pela angustia de uma dor.
Sem sim.
Só não.
Só mim.
Na presença então.
Não sua.
Sim minha.
Só por hoje.
Mesmo que não haja mais palavras por entre essas linhas.
E sou eu.
Ninguém mais.
Em paz.
Pois com as letras que fortemente quiseste me negar,
Fui mais longe do que um dia puderas tu sonhar.
E se apenas tu aprendeste o que tanto tentei lhe ensinar.
Tudo caminha de volta, sempre para o mesmo lugar...
E amanheço novamente.
Cegamente e sem culpa.
Resoluta.
Uma confiança absoluta.
E fé nada mais é do que o que já é;
Tenho fé.
Apesar do medo ainda,
Já esqueci...
Deixo pra lá.
Não vou remoer ou relembrar ou sofrer.
O que quer que seja, não vou me arrepender.

(A.B. Giordano)


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